Sustentabilidade ambiental e Economia Compartilhada: a grande inovação.
Neste artigo farei uma análise do papel da Economia Compartilhada (EP) para a sustentabilidade ambiental. Afinal, “possuir” é realmente pior do que “partilhar”? Eu diria que não. Inicialmente vale lembrar que o propósito da EP não é desencorajar o consumismo porque faz parte da natureza humana e, conseguentemente, na prática nunca acabará. A questão central da EP não é essa, mas sim reinventar e redefinir a lógica por detrás do “possuir” e obrigar-nos a pensar de uma forma diferente, alterando a maneira como é atualmente concebido. Dadas as recentes evidências, sobretudo científicas, de que algo terá de ser feito para a promoção de melhores índices de sustentabilidade ambiental no planeta, o uso da Web 2.0 que é condição inerente à EP tem de ser uma ferramenta chave para esse fim.
Tenho explicado e defendido ao longo dos meus últimos artigos que as inovações como a Airbnb, o Uber e, até mesmo, a Drive Now têm contribuído para uma melhor racionalização dos recursos do planeta.
A Airbnb e outras semelhantes no setor da acomodação com seu formato de partilha de recursos já existentes, as casas e, ao mesmo tempo, assegurando uma “renda temporária” ao locador tem progressivamente rearranjado a mentalidade do “possuir”. Graças a esse benchmark e também à sua escala global, as pessoas têm cada vez mais se engajado com esta nova prática e, com isso, tolhido um frenesim de construção imobiliária, pois começa a não haver a necessidade de edificação de novas habitações nas cidades justamente porque elas já existem.
O Uber no ramo do transporte e da mobilidade proporciona benefícios para a sustentabilidade ambientalporque encoraja uma diminuição da produção de automóveis para consumo privado que tem sido um dos grandes malefícios para as metrópoles mundiais com seus congestionamentos e poluição atmosférica Há um novo comportamento de consumo, desta vez numa forma mais racional, onde a pessoa, ao invés de comprar um carro para sua utilização exclusiva, opta por usar veículos de ótima qualidade (pelo menos assim o é na Europa, por exemplo), usufruindo de um “motorista privado”, assim por dizer.
No caso do Drive Now, é ainda mais flagrante a sua contribuição para a sustentabilidadeambientale para a criação de um novo paradigma. As suas frotas são elétricas, ajudando com isso a instigar o emprego de fonte não-fóssil e, portanto, combatendo as atuais alterações climáticas devidas às emissões de CO2 e o consequente efeito estufa no planeta. Configura-se ainda a reinvenção da mobilidade, sobretudo nas cidades, levando a uma melhor reorganização da sua própria estrutura. A este propósito, recomendo vivamente a leitura de um artigo científico recente sobre as perspectivas e impactos da EP, em especial na sustentabilidade ambiental: Sustainability perspectives on the sharing economy(Frenken, 2017).
Confome venho sistematicamente destacando em meus posts: está nas mãos de todos os stakeholders agarrar a oportunidade que a Web 2.0 trouxe consigo para, sem desculpas, finalmente inovarmos o pensamento de forma a preservarmos o nosso bem mais precioso: a nossa própria “casa”, a Terra porque sem ela a vida não teria lugar.
A EP já é uma realidade. Não há pretexto para ignorar e desdenhar do seu alcance e papel fundamental em redesenhar o modo como consumimos, partilhamos, produzimos, nos relacionamos uns com os outros e, com isso, promovemos uma melhor sustentabilidade ambiental para o planeta.
(João Miguel O. Cotrim, 2018)
Ph.D. Candidate in Management at ISCTE Business School, Lisbon, Portugal.
Tel: +351 915283960 | Skype: joaocotrim2 | E-mail: joaocotrim@yahoo.com.br
Referência: Frenken, K. (2017) Sustainability perspectives on the sharing economy. Environmental Innovation and Societal Transitions, 23, 1-2. (Online) Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/316747155_Sustainability_perspectives_on_the_sharing_economy (Acessado: 12 de Abril de 2018).