A Economia de Partilha (EP) faz parte das chamadas Novas Economias. Quais suas vantagens para o mundo dos negócios e por que uma empresa deveria se preocupar com isso?
A EP está-se revelando um pilar inovador da maneira com que a economia opera e continuará a funcionar. Ela tem tido um efeito disruptivo na forma como o sistema econômico e, em particular, a microeconomia é vista e tratada. Sem dúvida que a web 2.0 veio permitir que tanto os novos negócios que despontam, como os já existentes adotem este modelo, tudo em escala global.
Sobressaem de imediato dois elementos fulcrais nesse novo jogo de mercado: a entidade/empresa que aplica o modelo EP e o consumidor em si, que vai legitimar e permitir que, no final das contas, o serviço ou produto que ele usou ou comprou possa continuar a existir. Se tivermos em conta a “lei da oferta e da procura”, um negócio só conseguirá subsistir e manter-se em evidência no mercado se tiver demanda. Para que ele consiga atrair e reter consumidores, precisará estar sempre a par dos seus competidores e das tendências de mercado, sobretudo as disrupativas, pois são estas que têm o poder de alterar de uma forma radical toda a lógica do mercado de consumo e, consequentemente o negócio não perderá o seu espaço. A tendência é termos cada vez mais os padrões EP se consolidando no mercado. Seja um modelofor-profit ou non-profit, ela está revolucionando o jeito como todos nós (agentes empresariais, consumidores, comunidade científica, organismos governamentais, organismos não governamentais, media etc.) olhamos o consumo.
A grande vantagem para o mundo empresarial é sem dúvida a simplificação das várias tipologias de transações: atualmente os negócios têm a propensão de serem mais rápidos, em alguns casos de livre acesso, mais baratos e, sobretudo, mais conectáveis. Pensemos na forma simples, célere e eficaz com que hoje o cidadão pode pedir um táxi, um uber ou até alugar um quarto tudograças à web 2.0. As empresas só terão benefícios em tirar partido das novas tecnologias para incrementar o seu negócio e expandi-lo para criar subserviços e subprodutos que antes estavam sendo menosprezados e subutilizados.Os fundadores da Airbnb foram persepicazes em tirar partido da web 2.0. para criar uma maneira de fazer dinheiro com o aluguel de quartos nas casas de todos nós. Tornou-se uma forma extra de qualquer pessoa poder lucrar de um jeito que não existia anteriormente e estava sobrestimado pelo mercado.
Um modelo EP contribui também para uma melhor racionalização dos recursos já existentes e, assim, teremos sociedades mais sustentáveis onde passa a haver maior equilíbrio entre o que se produz e o que se consome. Exemplificando, no caso da Uber, estáse estimulando o consumidor a usar carros já existentes (produto final) sob a forma de aluguel temporário ao invés de comprar o seu próprio veículo. É uma forma mais inteligente, não egoísta e racional de consumirmos.
Só há ganho para os todos os envolvidos: o negócio promotor do novo modelo que produzirá de uma forma mais racional, colaborando para o bem-estar de todos, inclusive do planeta e o consumidor que além de consumir terá a possibilidade de ele próprio tornar-se um fornecedor. Desta forma, cria-se uma espécie de “economia circular” onde todos os stakeholders estão envolvidos e, com isso, tornam-se responsáveis e responsabilizáveis em todo o processo de consumo.
Os negócios devem se adaptar a esta nova tendência (que é cada vez mais é uma realidade) de Economia de Partilha, seja uma nova empresa querendo encontrar fórmulas de como entrar no mercado, seja uma já existente e que por força da evolução das lógicas de mercado e de consumo se vê obrigada a reposicionar-se e adaptar-se ao novo ambiente. Caso não o faça, ela estará a ditar a sua sentença de morte.
(João Miguel O. Cotrim, 2017)
Ph.D. Candidate in Management at ISCTE Business School, Lisbon, Portugal.
Tel: +351 915283960 | Skype: joaocotrim2 | E-mail: joaocotrim@yahoo.com.br